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Quando o trabalho adoece

  • Foto do escritor: Dra Mayara Brasil Machado
    Dra Mayara Brasil Machado
  • 20 de fev. de 2023
  • 3 min de leitura

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"O trabalho dignifica o homem." Sabemos o quão verdadeira é essa frase, pois o trabalho faz parte da natureza humana e é por meio dele que a pessoa constrói o mundo e constrói sua identidade e subjetividade próprias. Mas há circunstâncias em que o trabalho é sentido como sacrifício e desencadeia sofrimento e adoecimento. Isso pode acontecer não apenas pelo trabalho em si, mas pelo clima organizacional e emocional existente no ambiente laboral.


Na década de 1970 surgiu um termo que designa algo que deixou de funcionar por exaustão de energia. De origem inglesa, essa termo é o "Burnout" ou Síndrome do Esgotamento Profissional.


"Burnout" é uma condição de sofrimento psíquico relacionada ao trabalho. E está associado com alterações no organismo decorrentes do estresse.

A Síndrome de Burnout é melhor explicada como uma síndrome psicológica resultante de estressores interpessoais crônicos no trabalho e caracteriza-se por:

  1. exaustão emocional;

  2. despersonalização (ou ceticismo);

  3. diminuição da realização pessoal (ou eficácia profissional).

1) Exaustão emocional é caracterizada por:

  • fadiga intensa;

  • falta de forças para enfrentar o dia de trabalho;

  • sensação de estar sendo exigido além de seus limites emocionais;

  • percebe não possuir mais condições de despender a energia que o seu trabalho requer.

  • Causas da exaustão pode ser: sobrecarga de atividades e o conflito pessoal nas relações, entre outras.

2) Despersonalização é:

  • Considerada típica da Síndrome de Burnout e distingue ela do estresse.

  • Apresenta-se como uma maneira do profissional se defender da carga emocional derivada do contato direto com o outro.

  • Desencadeiam-se atitudes insensíveis em relação às pessoas nas funções que desempenha, ou seja, o indivíduo cria uma barreira para não permitir a influência dos problemas e sofrimentos alheios em sua vida. O profissional em Burnout acaba agindo com cinismo, rigidez ou até mesmo ignorando o sentimento da outra pessoa.

  • Distanciamento emocional e indiferença em relação ao trabalho ou aos usuários do serviço.

3) Reduzida Realização Profissional:

  • Sensação de insatisfação que a pessoa passa a ter com ela própria e com a execução de seus trabalhos, derivando daí sentimentos de incompetência e baixa autoestima.

  • Se expressa como falta de perspectivas para o futuro, frustração e sentimentos de incompetência e fracasso.

  • Também são comuns sintomas como insônia, ansiedade, dificuldade de concentração, alterações de apetite, irritabilidade e desânimo.

Além disso, a Síndrome de Burnout pode se apresentar com vários tipos de sintomas, por exemplo:


Sintomas físicos:

  • fadiga constante e progressiva;

  • dores musculares;

  • problemas do sono

  • dores de cabeça/enxaquecas;

  • dores de estômago, gastrite, diarreia, náuseas

  • diminuição da imunidade

  • transtornos cardiovasculares (pressão alta, dor no peito)

  • problemas sexuais e alterações menstruais

Sintomas psíquicos:

  • falta de atenção/concentração;

  • alterações da memória;

  • lentificação do pensamento;

  • sentimento de alienação, de solidão e de impotência;

  • impaciência; labilidade emocional;

  • dificuldade de autoaceitação/baixa autoestima;

  • astenia/desânimo/disforia/depressão;

  • desconfiança/paranoia);

Sintomas comportamentais:

  • negligência ou escrúpulo excessivo;

  • irritabilidade;

  • incremento da agressividade;

  • incapacidade para relaxar;

  • dificuldade na aceitação de mudanças;

  • perda de iniciativa;

  • aumento do consumo de substâncias;

  • comportamento de alto risco, suicídio;

Sintomas defensivos:

  • tendência ao isolamento;

  • sentimento de onipotência;

  • perda do interesse pelo trabalho ou até pelo lazer;

  • absenteísmo;

  • ímpetos de abandono do trabalho;

  • ironia/cinismo.

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A instalação da Síndrome de Burnout ocorre de maneira lenta e gradual, geralmente em 3 fases:


  • Na primeira fase, as demandas de trabalho são maiores que os recursos materiais e humanos, o que gera um estresse laboral.

  • Na segunda fase, evidencia-se um esforço da pessoa em adaptar-se e produzir uma resposta emocional ao desajuste percebido.

  • Na terceira fase, ocorre o enfrentamento defensivo, ou seja, a pessoa produz uma troca de atitudes e condutas com a finalidade de defender-se das tensões experimentadas.

O Burnout é considerado um sério processo de deterioração da qualidade de vida do trabalhador, tendo em vista suas graves implicações para a saúde física e mental.

A busca pela prevenção desta doença na população trabalhadora depende de mudanças das empresas em relação à qualidade do trabalho e de uma decisão interna, do querer mudar e resignificar o trabalho e buscar sempre pela melhor qualidade de vida.




Referências:

  1. Vieira I, Ramos A, Martins D, Bucasio E, Benevides-Pereira AM, Figueira I, et al.. Burnout na clínica psiquiátrica: relato de um caso. Rev psiquiatr Rio Gd Sul [Internet]. 2006Sep;28(Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, 2006 28(3)). Available from: https://doi.org/10.1590/S0101-81082006000300015

  2. Pêgo FPLe, Pêgo DR. Burnout Syndrome. Rev Bras Med Trab.2016;14(2):171-176





 
 
 

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